quinta-feira, 12 de março de 2009

Fiquei alguns dias sem escrever, fora do mundo, fora deste mundo.
Onde fui não pode pertencer a este mundo.
Não é possível que sejamos obrigados a conviver com a desgraça alheia, com prédios tão altos que não se consegue contar os andares, com uma fumaça intensa que nem o vidro mais poderoso consegue impedir a chegada.
O lugar que fui não pode pertecer a este mundo, mas eu me pergunto: eu pertenço a este mundo?
Eu que vim do interior onde me faziam acreditar que eu estava na cidade grande...e eu era fascinada pelo Rio de Janeiro, nem conhecia Porto Alegre...
Venho de um lugar onde as galinhas correm soltas e o queijo é fresco.
Um lugar onde não se falava em doenças venérias mas todos faziam suas necessidades na patente do lado de fora da casa.
Um lugar onde podíamos atravessar a rua sem medo e a brincadeira mais indecente era vestir as bonecas de papel.
Um lugar onde o sonho é permitido, pois se saisse dali eu poderia conquistar o mundo...e eu nem conhecia Porto Alegre.
Meu sonho não era ser chacrete ou Paquita, meu sonho era ser a Natália do Vale nos seus papéis de Julia...
Afinal? A que mundo eu pertenço em? Conhecendo São Leopoldo e vindo de um lugar que não pertence a este mundo eu não chego a conclusão nenhuma!
Será que é vida trabalhar das 8 às 18 e fazer pós graduação?
É vida dar cursos profissionalizantes pra se sentir útil?
Como seria no paraíso?
Minha utilidade lá se limita a não jogar lixo no chão...
É, definitivamente eu é que não sou deste mundo.
Por favor, quando passar o próximo ônibus para a terra dos desavisados e desacostumados com a tranquilidade, por favor me avisem! Por enquanto vou curtindo a vidinha que escolhi...casa/trabalho/aula...você deve estar se perguntando se não está faltando alguma coisa...na realidade estava...agora não está mais...achei um parceiro pra refletir sobre este mundo cão...
Bom, enquanto este ônibus imaginários não chega, vou tentando ser feliz de qualquer jeito, amando, respeitando o próximo e principalmente tendo cadeados para colocar nas portas, porque aqui definitivamente não é o Paraíso.

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